Paraná: Trabalhadores das Indústrias de Alimentação
Federação e sindicatos intensificam Campanha Salarial por reajuste de 10%. Patrões ofereceram apenas 4,29% (INPC).
Rui Amaro Gil Marques
Assessor de Comunicação da FTIA e sindicatos
Direto da região noroeste do estado.
Desde segunda-feira (20) a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná (FTIA) juntamente com os sindicatos de Curitiba, Ponta Grossa, Castro-Carambeí, Apucarana, Arapongas-Rolândia, Porecatu, Jaguapitã, Toledo, Dois Vizinhos, Cascavel, Fco Beltrão, Marechal Cândido Rondon, Umuarama e Cianorte estão percorrendo o interior do estado para intensificar a Campanha Salarial dos trabalhadores do setor com data base em setembro.
Os sindicatos estão reivindicando reajuste salarial de 10% e aumento no valor da cesta-básica que atualmente é de R$ 50,00 para R$100,00, adicional por tempo de serviço além de outros benefícios. Os patrões, por outro lado, acenaram somente com 4,29% de reajuste baseado no Índice de Preços ao Consumidor (INPC). O que significa índice zero de aumento real uma vez que os patrões estão propondo apenas a reposição inflacionária do período anterior.
Para os sindicalistas a proposta feita pelos patrões não pode ser levada a sério porque segundo dados divulgados recentemente pelo governo e pelo DIEESE, mesmo com a recente crise financeira internacional (2008-2009), a economia brasileira vem se mantendo em crescimento com o aumento da produtividade basicamente em todos os setores industriais.
Com a segunda rodada de negociação agendada para a próxima quarta-feira (29) os sindicatos e a FTIA também já preparam uma ampla mobilização nas principais empresas que têm peso maior junto a bancada patronal. De acordo com os sindicalistas serão utilizadas todas as formas de pressão que estão a disposição dos trabalhadores e de suas organizações sindicais. “O tempo em que os nossos sindicatos estavam distantes de suas bases acabou. Depois que assumimos a Federação a nossa tarefa principal é a organização dos trabalhadores para fortalecer as nossas lutas econômicas e sociais. Caso for necessário radicalizar sabemos muito bem por quais empresas devemos começar”, alerta Ernane Garcia, presidente da FTIA.
Os sindicalistas continuarão distribuindo durante a semana os cerca de 80 mil exemplares do Jornal dos Trabalhadores da Alimentação pelas cidades do interior para conscientizar a categoria e a sociedade sobre a necessidade dos trabalhadores darem uma resposta a altura a “proposta” feita pelos patrões. Também esta sendo organizada uma caravana para levar o maior número de trabalhadores e trabalhadoras para Curitiba onde será realizado o próximo encontro entre sindicalistas e os representantes patronais. O movimento, segundo o sindicalista José Ap. Gomes, presidente do STIA de Apucarana e dos um dos organizadores da caravana, “vai surpreender os patrões este ano”.
Empresas visitadas
Da extensa lista das empresas “alvos” dos sindicalistas na campanha salarial de setembro já foram “premiadas” a Caramuru Alimentos e Óleo e Kowalski Alimentos (Apucarana), Adram (Mauá da Serra e Faxinal), Prodasa Alimentos (Arapongas), Balas Dori ((Rolândia), Inpal e Lorenz, Farinhas Pinduca (Cianorte), Zaeli Alimentos e Lorenz (Umuarama).
Apoio extra
Uma novidade nesta campanha salarial é a participação de um grupo de ativistas ligados a Central Internacional dos Trabalhadores (CIT) cujo perfil ideológico é esquerdista. Suas bandeiras rubro-negras já se tornaram freqüentes nas greves gerais realizadas desde 2008 na Grécia, Espanha, Portugal e mais recentemente nas manifestações contra a reforma da previdência social na França.
Além desse apoio extra os sindicatos do setor da Alimentação no estado contam ainda com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos (CONTAC).
Para um dos assessores jurídicos da Federação, Dr. Vanderlei Sartori Junior, esses apoios são muito importantes para o fortalecimento das organizações sindicais dos trabalhadores do setor de Alimentação do Paraná. “Somente com a troca de experiências é que podemos fazer avançar as nossas lutas em defesa de mais direitos, aumentos reais de salário, melhores condições de trabalho, redução da jornada de trabalho e por uma sociedade onde a riqueza seja distribuída de forma mais justa”, finalizou.